quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Uma epidemia que gera outra...


O atendimento médico gratuito no Brasil nunca serviu como exemplo. A chegada de um novo vírus da gripe deixou mais claro a deficiência dos serviços de saúde e o despreparo para controlar uma pandemia como esta ou algo mais sério. Depois que o governo recolheu do mercado o Tamiflu, medicamento utilizado no tratamento da Nova Gripe, e credenciou hospitais para atender os casos suspeitos e laboratórios para realizarem o exame, o que aparentava um problema controlável, se tornou um retrato do que é hoje um país sem diretrizes.

Somente três laboratórios do país fazem o exame diagnóstico da Influenza A (H1N1): A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no rio de Janeiro, o Instituto Evandro Chagas (IEC), no Paraná, e o Instituto Adolf Lutz, no estado de São Paulo. Há uma possibilidade de credenciamento de laboratórios estaduais, como em Minas Gerais, mas até agora, nada certo.O atendimento nos hospitais aumentou. A semelhança entre gripe comum e a Nova Gripe confunde a população e nas cidades do interior, a má informação e a falta de leitos hospitalares

O atendimento nos hospitais aumentou. A semelhança entre a gripe comum e a Nova Gripe confunde a população. A má informação e a falta de leitos hospitalares, em especial nas cidades do interior, aumentou a preocupação. E o que não se apresentou de início como algo tão grave, agora é mais que um risco a saúde, um erro de administração.

A cidade de Congonhal, no Sul de Minas, é um exemplo disso. Uma moradora de lá morreu com a Gripe Suína, o primeiro óbito pela doença na região. A cidade tem 50 mil habitantes e apenas um pronto atendimento. A vítima procurou por duas vezes o pronto socorro e, com todos os sintomas da Nova Gripe, foi orientada por enfermeiros a voltar para casa. Uma semana depois, ainda com os sintomas, procurou atendimento particular em Pouso Alegre, 20 quilômetros de Congonhal. Internada por uma semana em estado grave, a mulher de quarenta e quatro anos morreu no último dia 30 de julho. A doença foi confirmada quase um mês depois do óbito.

Os dois maiores hospitais da Varginha, também no Sul de Minas, são referência para os casos da Nova Gripe na região. São quatro leitos e a cidade tem pouco mais de 125 mil habitantes. São Lourenço, outra cidade da região, tem cerca de 42 mil moradores. O hospital da cidade reserva dois leitos para os casos graves da Nova Gripe. A diretoria do hospital toma cuidados para que os próprios funcionários não sejam os donos destes leitos. Da recepção aos serviços gerais, todos os funcionários utilizam máscaras para se prevenirem. O atendimento aumentou 30%, o número de visitas caiu. Antes, quatro pessoas ficavam cerca de 2 horas em visita aos pacientes. Hoje, somente um visitante entra no hospital e permanece apenas 15 minutos.

E esta história não se repete apenas no Sul de Minas. As grandes metrópoles também vivem esse problema. Nos primeiros polos de acolhimento para gripe, inaugurados nos hospitais Lourenço Jorge (Barra) e Souza Aguiar (Centro), no Rio de Janeiro, o tempo de espera por atendimento chega a 5 horas. Segundo o secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann, que foi com o prefeito, Eduardo Paes, ao Souza Aguiar, cerca de 30 pessoas estão internadas com gripe suína na cidade, algumas graves. Pacientes com sintomas mais intensos serão encaminhados às Emergências. Os polos evitam que pessoas com gripe tenham contato com pacientes com outras doenças. Por isso, ficam em áreas isoladas nos hospitais.

Agora a preocupação é com as comunidades indígenas. Segundo o Ministério da Saúde, os índios estão mais expostos ao novo vírus porque e imunidade deles é menor. Nas aldeias, o atendimento médico será melhor?